º Congresso Nacional de Medicina Tropical e 1º Encontro Lusófono de Sida, Tuberculose e Doenças Oportunistas, Date: 2017/04/19 - 2017/04/21, Location: Lisbon, Portugal

Publication date: 2017-04-21

Author:

Pingarilho, Marta
Pineda-Peña, Andrea C ; Libin, Pieter ; Theys, Kristof ; Martins, Maria do rosario ; Dias, Sonia F ; Vandamme, Anne-Mieke ; Camacho, Ricardo Jorge ; Abecasis, Ana

Abstract:

Introdução: A OMS considera importante vigiar e caracterizar os padrões de transmissão da infeção VIH, associada ou não a resistências aos antirretrovirais ARVs (TDR). Em Portugal, enquanto a prevalência de VIH-1 é inferior a 1% na população geral, 24.1% dos novos diagnósticos ocorre na população imigrante, contribuindo para o número desproporcional de novas infeções adquiridas heterossexualmente1. Objectivos: Analisar a prevalência de TDR em doentes VIH-1 imigrantes em Portugal. Métodos: Os doentes VIH-1 positivos são imigrantes provenientes de Angola, Cabo-Verde, Moçambique e Guiné-Bissau seguidos em hospitais portugueses no período de 2001 a 2014. Os dados recolhidos incluem características clínicas e sociais e a sequência genómica viral foi obtida no teste de resistências antes de iniciar ARVs. Resultados: Foram incluídos 858 doentes (52% homens e 47% mulheres). A via de transmissão é desconhecida em 85% dos casos. 25.3% foram infetados com CRF02_AG, 15,6% com o subtipo C e 14.9% com o G. Em imigrantes oriundos de Angola e Moçambique, o subtipo com maior prevalência é o C (21.6% e 71.8%), de Cabo-Verde é o G (29.7%) e da Guiné-Bissau é o CRF02_AG (62.9%). 7.8% (IC-95%, 5.8-10.4) apresentaram resistência primária (RP) aos ARVs no período de 2001 a 2014, o que aumenta para 9.3% (IC-95%, 7.0-13.0) se considerarmos apenas doentes que realizaram o teste de resistências nos últimos 4 anos. A RP apresentada na Guiné-Bissau é preocupante pois apresenta o valor mais alto (10%), aumentando nos últimos 4 anos (12%, 2010-2014). A RP aos Inibidores Não-Nucleósidos da Transcriptase Reversa é a mais elevada, com 5.0% de doentes com resistências. Conclusão: Este estudo permite-nos ter uma visão acerca da epidemiologia molecular da epidemia VIH-1 na população imigrante em Portugal, de forma a ajudar as entidades de Saúde Pública a desenhar políticas de prevenção.